“É um peso grande para se carregar”, disse George R.R. Martin
A Dança dos Dragões, o quinto livro de As Crônicas de Gelo e Fogo, foi lançado originalmente em 2011, e desde lá, depois das oito temporadas de Game of Thrones, ainda não temos sinal de quando chegará o próximo livro final da saga “Os Ventos do Inverno” (The Winds Of Winter) ou o suposto final “Sonho de Primavera” (Dream of Spring)
Originalmente, o sexto livro estava planejado para ser lançado em meados 2017 (antes do final da série), mas acabou sendo adiado tantas vezes que George R.R. Martin finalmente parou de fazer previsões, prometendo apenas que o livro sairia quando ele estivesse pronto.
Em uma publicação recente no seu blog pessoal, o próprio Martin revela que ainda está muito ocupado, sendo produtor de 5 projetos em desenvolvimento com a HBO, dois no Hulu e um no History Channel.
Além disso, o autor ainda fala que também está envolvido em outros projetos baseados na sua obra, como é o caso de Fire & Blood, e foi consultor em um jogo de um estúdio japonês, que agora já sabemos se tratar de Elden Ring, o novo jogo da FromSoftware (Dark Souls e Bloodborne).
No entanto, além de tentar conciliar o seu tempo para trabalhar em tantos projetos, outro motivo para a demora de The Winds Of Winter é a própria complexidade que a sua obra acabou tomando. Como Martin se descreve como um escritor jardineiro, que não planeja previamente o destino dos seus personagens e os escreve à medida que a história vai avançando, quanto mais personagens, mais difícil fica de organizar tudo sem deixar muitas “pontas soltas”.
Em uma entrevista ao The Guardian, Martin contou que tem tido dificuldades no processo de escrita do romance:
“The Winds of Winter” não é um romance, são doze romances em um só, cada um com um protagonista e com uma série de coadjuvantes nos entornos, aliados e inimigos, e todas essas histórias se entrelaçam de uma forma bastante complexa.
De acordo com o autor, que não esperava que o sucesso da série na TV fosse tão avassalador, esse cenário fez com que a pressão em cima dele aumentasse consideravelmente:
A série ficou muito popular ao redor do mundo, os livros são populares e muito bem recebidos pelo público. Toda vez que eu sento para escrever, sei que tenho que fazer algo incrível, e tentar fazer algo incrível é um peso grande para se carregar. Por outro lado, quando eu engato na escrita, quando eu entro naquele mundo, isso aconteceu recentemente com Fogo e Sangue, eu ia dormir pensando em Aegon e Jaehaerys, acordava pensando neles e mal podia esperar para sentar no teclado. Quando isso acontece, o mundo desaparece. Eu não me importo com o que vou jantar, com os filmes que estão em cartaz, com os meus emails, com quem está bravo comigo porque o livro ainda não saiu. Tudo isso desaparece, e eu vivo naquele mundo que criei. Mas às vezes é difícil entrar nesse estado de transe.
Por fim, outro ponto que precisa ser levado em consideração é que de maneira nenhuma Martin apressará a finalização da sua obra. Como vimos nas duas últimas temporadas de Game of Thrones, os showrunners David Benioff & D.B. Weiss finalizaram a série em 13 episódios, mas acabaram sacrificando grande parte do desenvolvimento dos personagens. Definitivamente isso não acontecerá em de As Crônicas de Gelo e Fogo, e Martin usará o tempo e as páginas que forem necessárias para chegar a um desfecho coerente para esse universo que ele criou.
Depois de The Winds of Winter, Martin ainda tem um sétimo livro planejado para concluir a saga, A Dream of Spring. Na entrevista, o autor conta que não imaginava que o mundo de Westeros ficaria tão grandioso, explicando que achou que A Guerra dos Tronos, primeiro livro da série, seria apenas um conto curto:
Eu só ia escrever esse capítulo, onde Bran e os Stark encontram os filhotes de lobo. Mas então eu comecei a explorar a história dessas famílias e o mundo começou a ficar vivo. Estava tudo na minha cabeça, eu não podia não escrever. Não foi uma decisão racional. Escritores não são criaturas racionais.
Apesar de ser uma fantasia, o escritor deixa bem claro que no fim das contas seus livros são apenas sobre pessoas, e que isso é o que o interessa.
Fonte: diversos artigos do The Guardian
Imagem: George R.R. Martin na promoção da série “Z Nation” (Sci-Fi)